quinta-feira, fevereiro 19

.......muito agradecida cara leitora.......

**A FALTA DE IMAGENS NOS ANTIGOS POST ME DEIXOU UM POUCO PERTURBADA, EMBORA NÃO MUDE A SATISFAÇÃO DE CADA POST PASSADO . .. ... .... ..... ...... ....... ........ ......... .......... ........... ............ .............




[cigarra inicial]


. . . nunca gostei que as palavras ficassem sozinhas e sempre achei que gravuras fossem necessárias para completar o sentido destas . . .



. . . somos seres audiovisuais que não aguentariam viver sem cores ao redor . . .



. . . seres de ambiguidade contraditória e várias fases . . .



. . . mas quando a música me distrai o suficiente, liberto-me das amarras de responsabilidade do dia-a-dia, e sinto a imensa liberdade ao escrever . . .



. . . são as pequenas coisas deste mesmo dia-a-dia que me dão vontade de agarrar a caneta e o papel mais próximos . . .



. . . para cada objeto há uma sensação relacionada . . .



. . . para cada ação, uma reação de igual intesidade . . .



. . . tudo pode se tornar instigante e belo, só depende da vontade de cada pessoa . . .



. . . se houver disposição e calma, é fácil enxergar o mundo da forma que lhe for mais verdadeira . . .


. . . mas somos apenas humanos, e a única constante em nossas vidas é a incerteza que o futuro traz . . .


[cigarra final]

......porque isso é importante para mim.......

[gavetas inicial]


O mundo cabe em palavras...
se o seu mundo não tiver alma,
afinal a própria palavra alma não se explicar só por que a identificamos escrita ou falada...

Nem tudo cabe em palavras.

A grande missão da linguagem é tentar explicar o mundo por símbolos universais que chamamos de palavras...
ou pelo menos é assim que eu tenho interpretado todas essas impressões em papéis, mãos, paredes, plásticos, metais, vidros, rostos, espelhos, luzes, céu...

Mas nós cansamos.

Se o que eu entendi em menos de duas décadas não estiver errado, então estamos cansados do trabalho e agora as gerações se arrastam egoistamente pelo mundo...
ficando cada vez mais confusos para nos comunicarmos...

Parece-me uma regressão.

Se evoluímos ao ponto de criarmos tantos símbolos e línguas diferentes, em algum ponto nos perdemos no labirinto de caracteres que criamos...
Cada um cresce em um lugar, aprende as tradições de um lugar, fala a língua de um lugar, segue as normas de um lugar, cresce sob a orientação daqueles que já estavam naquele lugar... isolados, ao mesmo tempo que fazendo parte de um todo.
As mil e uma formas de falar ou escrever são tão diferentes que há palavras em certos idiomas sem tradução correta para outras... Nesse sentido uma explicação escrita muitas vezes fica inutilizada, e temos que gastar mais tempo tentando entender os símbolos que a proposta inicial some diante dos nossos olhos cansados e o mundo fica mais e mais complicado...

Nem tudo cabe em palavras.

E o mundo é composto de tudo.

Sentimentos e sensações nos dão uma boa idéia do que parece haver de mais ambíguo nesse tudo. Interpretações múltiplas, mais palavras que nos dão um bom ar da confusão em que vivemos... O próprio coração tem mais de um significado, afinal tentamos classificar tudo o que vemos desde a Antiguidade... vive-se querendo que tudo se encaize nas prateleiras e gavetas que criamos...
Mas não fomos nós que criamos o tudo... o mundo é quem devia nos colocar em gavetas... se não fizessemos parte do tudo seríamos nada...
Não somo tudo, só fazemos parte dele... e parece que nos esquecemos convenientemente disso...

Queremos engavetar tudo para acharmos tudo o que queremos?
É mais fácil arrumar a bagunça para acharmos o que perdemos?

Não quero questões filosóficas, mas as palavras parecem mais convincentes quando organizadas assim... Se a bagunça for a existência humana (?)... se a existência for vida (?)...
Se o que perdemos nunca nos pertenceu não devíamos mexer na bagunça...

O conformismo não é culpa das palavras... mas elas decerto nos ajudar a encontrá-lo.

Nunca fui boa em falar...
quando falo as palavras parecem que querem fugir correndo de mim
e eu geralmente tento tontamente pegá-las no ar, enquanto outras fogem pelas minhas costas...
nunca fui uma boa carcereira da palavra falada, embora em épocas elas mostrem certo respeito por meus esforços e seguem em fila indiana até onde quero que elas andem...
Mas descobri uma forma mais segura de lidar com elas... escrevendo-as
Sinto como se estive-se às pregando na parede, sem riscos de fuga...
Quando a ordem que escolho para estas serelepes me satisfaz, sinto a maior satisfação de todas, só assim conseguindo um pouco de plenitude... É fácil esquecer o quão satisfatório é todo o processo, afinal há também a angústia... Agústia da espera por um leitor que entenda o por que das escolhas que fiz, da ordem em que as prendi, do modo com as tratei...


O maior objetivo é que a ordem que eu escolhe trate de passar para quem as lê exatamente o que havia em mim quando as ordenava... nem sempre isso é possível e depende muito da percepção do leitor...


De fato, o leitor é a parte fundamental de um texto, pois existir por existir não os torna importante se ignorado... a maior felicidade de um texto é encontrar um leitor para lê-lo, mas quando este o entende de verdade seu objetivo é completo e sua existência se mostra, além de útil, necessária... um bom leitor traz felicidade e plenitude não só ao texto como também ao escritor... e para o leitor o texto entendido torna-se precioso, e algo precioso nunca deve ser esquecido...

Seja libertando-as em voz alta ou guardando-as na memória, o leitor, de sua própria maneira, vai sentir as palavras que me expressavam... e como as vezes a própria palavra escrita não consegue ser entendida apenas por ser lida, é muito importante a atenção e a disposição do leitor...
o escritor deve saber como cativar e até seduzir o leitor para que este não desista de suas palavras, mas disto eu não tenho ambições...
Não sei se tenho esta capacidade e no momento não me parece importante que a tenha, pois o que busco é apenas um pouco de bagunça... seria a bagunça vida(?)

Ao final de tanto pensar e de tantas palavras pregadas, começo a achar que não passamos de textos buscando um leitor... (tenho minhas dúvidas sobre o escritor. Poderia ser o trabalho de quatro mãos, ou seis, ou oito... espero mesmo é que fiquem satisfeitos) Mas concerteza as palavras não conseguem transpor tudo o que nós, pequeníssimas parcelas do tudo, somos e significamos... nessa confusão que chamamos de sociedade, humanidade, universo ou mundo, esquecemos que buscávamos nosso leitor ideal, com a sensibilidade exata para nos trazer satisfação e plenitude...
Enquanto continuamos perdidos entre as gavetas que criamos, somos apenas textos incompletos...

[gavetas final]

quarta-feira, fevereiro 11

......la vie en rose......

[acordeão inicial]

O céu azul do fim do dia rajado de rosa...
O vento ensina danças às verders copas dos vizinhos...
O perfume inebriante do jasmim completa a paisagem...
Nuvens de algodão se escondem atrás dos distantes montes de aquarela,
enquanto uma libélula brinca no varal do quintal.

Só durou alguns segundos... depois veio a noite e o silêncio. Momentos mágicos não duram muito, só o suficiente para não se tornarem clichês...

[acordeão final]